ANDANTE

E sigo andando entre vales, no céu e na terra,

e sigo compondo mais flores, versando sementes.

Encontro urgências tamanhas, tanta intensidade...

que o eco por entre as montanhas, me soam indolentes,

canções que o vento propaga, voo, liberdade.

E sigo andante insistente, num barco, num rio,

não há, uma volta iminente, retorno não há,

as margens convidam ao descanso, sono ou desvario,

mas louco é mesmo o destino do barco a vagar.

Andante vou pelas estradas, catando um caminho,

que surge assim de repente, na curva adiante,

e o sonho que habitava a curva, livrou-se do ninho...

voou, perdeu-se no mundo, vadio errante.

Andante, errante prossigo, fazendo meu rumo,

bebendo da fonte na estrada, que flui livremente,

Andante procuro inconstante, um porto, um prumo,

que poupe a asa cansada, o barco a deriva,

que acolha a sanha, a gana, a fome insistente.

Andante é meu nome antigo, mas sou mesmo amante

que vara a noite a procura, do verso encantado...

amante do belo, da arte, e tenho a moldura...

do corpo, vagante, andarilho, sem selo lacrado.

Amante vou pelos caminhos, voando nos ares...

procuro o amor que brilhou, mil rastros deixando,

se um dia puder encontra-lo, nos verdes altares,

virá o final da jornada, num colo, num abraço,

se não, seguirei para sempre, sua face buscando.

Dete Acioli
Enviado por Dete Acioli em 07/06/2013
Reeditado em 07/06/2013
Código do texto: T4329947
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