O "arvoroço"
As árvores rimavam mais que o poema
Porque poesia nunca rima.
A rama era rugosa e as folhas
Chiavam qualquer coisa ao vento.
Mas quem clorofilava mesmo
Eram os passarinhos.
Nos seus jardins, vasos liberianos;
Em seu dorso, os lenhosos
Faziam a alegria das frutas.
Calado, o caule calculava
O tamanho da frondosa copa.
E quantos filhotinhos verdes serão.
As flores, já ressequidas, assistiam
O feto do fruto vir a furo.
A árvore gorjeava como nunca
Revoadas de seres alados
Denunciavam a abundância de vida.
Todos juntos declamavam
Cantavam e se arvorossavam
No alvoroço dos arvoredos.