O "arvoroço"

As árvores rimavam mais que o poema

Porque poesia nunca rima.

A rama era rugosa e as folhas

Chiavam qualquer coisa ao vento.

Mas quem clorofilava mesmo

Eram os passarinhos.

Nos seus jardins, vasos liberianos;

Em seu dorso, os lenhosos

Faziam a alegria das frutas.

Calado, o caule calculava

O tamanho da frondosa copa.

E quantos filhotinhos verdes serão.

As flores, já ressequidas, assistiam

O feto do fruto vir a furo.

A árvore gorjeava como nunca

Revoadas de seres alados

Denunciavam a abundância de vida.

Todos juntos declamavam

Cantavam e se arvorossavam

No alvoroço dos arvoredos.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 29/05/2013
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