ANTES
Antes
Era o tempo sem tempos
Eram dias sem extensões
Era o céu sem estrelas
O mundo sem vida
O não-mundo
Era antes
Antes de antes
Não havia lua nem sol
Não havia perda de tempo
Era o nada contemplando o nada
E o vazio era desconhecido
Para que se sentisse falta
Pois não existia o que se pudesse tocar
O limite do antes
Seria um instante sem passado
Sem antes, sem prefácio
Mas tudo se aproximava universalmente
E o inicio era apenas um zero
A derivada das planícies desertas
O nada a se professar
Vem! Sigamos o nada absoluto!
Pois não há o depois infinito
Para os vivos ou para os mais românticos
Nem para os ligeiros, parvos ou tansos
Viva o antes, pois o passado nos pertence
Mas a eternidade, à semente geniosa
Ou ao nada, à morte, ao vazio
Não há vazio para os que não possuíram
Nem morte para os que já morreram
Não há tristeza para os que não se alegraram
Nem declaração tácita póstuma
Por isso caminho rumo ao que se foi
Enfim, depois do depois...
À morte!!!