ALVERNE DA ALMA
Varatojo meu encanto,
Muito pertinho do céu,
Com horizonte sem véu
É para o povo um espanto.
Abrigo airoso que acalma
No cimo do verde outeiro
Colhe o sol o dia inteiro,
O meu Alverne da Alma.
Cada romeiro que passa
Nestas encostas frondosas
Sente um aroma de rosas
E um panorama com graça.
Neste lugar de sossego
Há um remédio sereno:
Fazer do grande pequeno,
Santo, mais tarde ou mais cedo.
Nas vinhas e nos pomares
Há frutos assegurados
E nos campos abençoados
Sente-se a paz e bons ares.
As horas passam seguras
Sem espaço e sem medida
A voz da alma é sentida
Sem peias e amarguras.
Um bosque com eremitério,
Dá repouso e mansidão,
Dá bonança ao coração
E pr´ à alma refrigério.
Moradia de imponência
Com elegantes janelas,
Nobres claustros e celas
Chamando à reverência.
Toda a vivência é regrada
Nos confrades e coristas,
Há paisagens maneiristas
Com cultura assimilada.
Para o ofício, na calma,
Ouve-se o toque dos sinos
Há cantares diamantinos
Naquele Alverne da Alma.
“Alverne” aqui lhe chamei,
No burgo chama-se António,
Que o Santo é património
Nestes versos que cantei!
Frassino Machado
In MONTE ALVERNE