TABA
TABA
Parece-me ridícula a casa:
os móveis lustrados,
o sofá de couro marrom,
as travessas empilhadas,
os talheres brilhando,
as roupas nos armários guardadas,
a televisão agradavelmente muda.
Por que não vivo na taba,
não me banho no rio,
não me sento à noite ao redor da fogueira
para conversar?
Por que o zumbido da geladeira
e não o coaxar dos sapos
no silêncio da madrugada?
Por que o branco das cortinas
e não o verde das folhas
dançando no vento?
por que não troco o sorriso triste
pelo urucum pintando o meu rosto?
Onde é que estás, Natureza?
Como poso te encontrar?