TABA

TABA

Parece-me ridícula a casa:

os móveis lustrados,

o sofá de couro marrom,

as travessas empilhadas,

os talheres brilhando,

as roupas nos armários guardadas,

a televisão agradavelmente muda.

Por que não vivo na taba,

não me banho no rio,

não me sento à noite ao redor da fogueira

para conversar?

Por que o zumbido da geladeira

e não o coaxar dos sapos

no silêncio da madrugada?

Por que o branco das cortinas

e não o verde das folhas

dançando no vento?

por que não troco o sorriso triste

pelo urucum pintando o meu rosto?

Onde é que estás, Natureza?

Como poso te encontrar?

LuciaArmenioLeal
Enviado por LuciaArmenioLeal em 28/04/2013
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