Prisioneiro do Egoismo
Já fui menino,
Já cacei passarinho,
Já os matei e aprisionei.
Cresci, me arrependi, redimi,
Hoje olho triste o lindo pássaro,
Presente do meu cunhado.
Já não podemos soltá-lo, imagino
Acostumou-se com a vida restrita,
Comida, carinho, admiração,
até faz traquinagens, sempre alegre o menino,
Certamente não sobreviveria, à sua libertação.
Embora em nova e espaçosa gaiola,
Olha atento e curioso, aquilo que se passa lá fora,
Canta da mesma forma, o lindo Corrupião,
Canto não muito mavioso, mas alto a chamar atenção.
Como a dizer, venham, admirem meu lirismo,
Admirem minha plumagem, assistam meu padecer,
Poucos podem me ver, vejam que privação,
Aqui ficarei, vítima do egoísmo,
Prisioneiro até morrer!
"Passarinho cantou, de dentro de uma gaiola,
Cantaria melhor, se fosse do lado de fora"
(Ivan Lins)