Enevoado
As vezes tudo se embaça;
os meus olhos, a minha vida,
e até a vidraça.
Enquanto impossibilitada de ver estou,
fico refém do escuro,
de todo o pouco que me restou.
Lá fora tudo corre,
no entanto não consigo ver.
Subitamente em mim percorre
uma vontade vaga de viver.
Tudo estático fica.
Menos as gotas que escorrem
na janela.
Borrando tudo que antes eu via,
deixando-me aqui sozinha,
louca
e parcialmente cega.