Ao Longe...
Enquanto me olhares assim,
Feito um rio que não deságua no mar...
Te olharei assim como árvore,
Que não cresce olhando o azul do céu!
Na claridade de quem nunca viu
O verde do mar,
E a vermelhidão de um por do sol.
Se não me olhares até vires a minha
Alma sair pela minha chaminé...
Certamente não irás comigo ao infinito,
Onde o meu grito não tem
Começo,
Muito menos tem um fim!
Somente um eco que nunca se repete.
Por isso, me olhas ao longe...
Nem que vejas apenas uma visão
Do que eu era, do que fui e do que
Nunca serei, assim, eu mesmo, de lá
Te olharei... Longe, como um monge
A meditar,
Na inércia do tempo!
Porque uma parte de mim já se foi,
Antes mesmo de me dar adeus!
E a outra parte, espera por ti
Que adeus não me dará, até que venhas,
E te vás, a sorrir, a chorar,
A me dizer te amo,
E a morrer de amor.
Um amor tão longe, que dói,
Uma dor tão doída, sofrida, que não se vai.
Um horizonte deserto,
Um deserto tão longe...
Tudo é distancia em um coração tão perto!
Melhor é que fiques,
Não me olhes assim, ao longe.
Poeta Camilo Martins
Aqui, hoje, 12.04.2013
21h36min [Noite]
Estilo: Livre