me parece que o mundo é todo estranho
Carreguei comigo,
lágrimas demais,
por tempo demais...
Caminhei sozinho nas estradas que criei...
Cantei músicas que criei, para mim,
fiz tudo que achava certo, para mim,
e no fim...não deu certo, você se afastou de mim...
Vales verdejantes,
montanhas e cascatas, e por onde mais passei.
Meus rastros na areia da praia ficavam,
meus olhos não viam a onda apagar meus sinais...
De nada valeram meus esforços
amanheço todo dia, sozinho...
Cristalizei meus desejos em meu peito,
fiz de mim o juiz dos atos dos meus conhecidos,
me senti o máximo quando era consultado,
como sábio, era eu quem ditava o resultado das disputas,
e hoje, sozinho, quem me julgará, quem irá me ajudar?
Se quando tinha a coroa eu apenas julgava e não ajudava, hoje haverá quem possa me compreender, se nem eu mesmo consigo...
Tantos grãos de areia,
assim, tantas questões arrebatam este ser,
que, sendo, não consegue deixar de ser,
e o não-ser sempre foi a sua busca...
Como ensinar o que eu gostaria,
se não sei seguir eu mesmo as regras que criaria?
Como falar de amor, se nunca fui amado?
Pode um peixe falar do sol, se esse lhe é fatal?
Pode um pássaro falar da águia se essa é seu predador?
Ontem eu pensava diferente,
hoje eu penso tolamente, ou foi ontem?
Existe realmente algo que posso fazer para me entender?
para você me entender?
Eu sou xstranho, num mundo de normais,
eu sou xstranho, pois não quero mais, dizer que sou normal, se normal é trapacear e enganar, querer ser mais...
Eu sou xstranho pois hoje normal é gabar-se, vangloriar-se, ...eu sou xstranho e me parece que o mundo é todo estranho...