Existência

Santa existência

Cruel inquisição do ser...são

Dai-me insensatez e paciência

Para tudo que não há perdão

À incerteza do que é

Ao deslumbre do que foi

Ao mistério do que será

No desembrulhar do que sou

Abalizar minha existência

Na efígie da família

Até chegar o dia

Em que serei lembrança

Esfumatura.....mancha esquecida

Como já foi antes

Ante...passados

Que de pinturas reluzentes

Tornaram-se borrões...depois...apagados

Tenho uma paciência apressada

Uma sede esfomeada

Quero me alimentar da vida

Quero comer as palavras

Contudo, todo som que chicoteia

Aos meus tímpanos aguçados

Na escuridão clareia

O que não deveria ser lembrado

Tenho uma pressa paciente

Com fome aguardo...mas mato a sede

Solvo tudo que posso

Desse som estridente

Cruel existência

Para tudo que não há perdão

Dai-me insensatez e paciência

Enquanto sofro a santa inquisição