O Outono

Sinto-me exasperado

ao alento putrescível

deste inerme enfarado;

Ó Viver, sejas vivo

e tenhas ar altivo!

Neste idílio insencível,

mostro-me crepuscular:

volúvel e previsível...;

O êxodo a oscular.

Ah, não tens relevante agrado,

Ó funéreos ares Outonais!;

Inda o Prisco é obliterado;

Inda ao sombrio se esvai os dias;

Inda eclodem as noites tíbias...

Ó eufóricos zéfiros Vernais

dum passado deleitável,

dai-me notórios sinais

de vossa ática vinda;

Ah, ó vida, terás tez linda!.

Leia-me nesta forma ínfima e olvidável

e tende, ó Vernais, compreensão:

Atravessai as águas do intransitável

e deixai-me ser estupefato;

Atravessai as linfas do fato

e trazei-me vossa álacre coloração...

Desafinado
Enviado por Desafinado em 22/03/2013
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