Águas do rio e águas do cântato

Águas do Rio e águas do cântaro

Não quero ser água contida no cântaro.

Mesmo sendo ela da fonte do rio que corre,

ela não é o rio.

A água do cântaro esgota-se em sua serventia.

O rio continua sua permanente caminhada,

cavando a terra firme e alargando suas margens.

O rio não cabe no cântaro.

Pessoas são aprisionadas em cântaros,

vítimas de suas próprias ilusões.

Procuram cântaros maiores onde

possam se sentir superiores,

deleitando-se em uma vida de euforia

e enganosos ufanismos.

As águas dos cântaros são retiradas

das margens dos rios, onde não

são as mais limpas.

A poesia fez-me ver que não caibo

nessas vasilhas, construídas às

margens da vida.

Sou rio e não água represada.

Sigo o curso que a vida me sugere.

Sou água do rio que escapou

aos limites do cântaro.