A lírica do ensejo
Bem-te-vi da madrugada
que canta no sossego
deixo-te adentrar a morada
com a trova do conchego
A morada é minh´alma do estio
da grama embebida de orvalho
do verão com raiar frio
de um bosque com um atalho
bucólico, sigo a cantiga
medieval do arguto alaúde,
singela da cantiga amiga
sinto e escuto amiúde,
Entre bem-te-vi na lírica
Floresce nesta hora o campo
das paisagens de alquimia espagírica
no negrume surge o pirilampo
Pestanejando cintilação
atulhando o sentimento da noite,
Real se torna a imaginação
quando bate meia-noite
Adormecido na sensibilidade
suspensa da quimera
lírica Deidade
Sôfrego pela primavera
de despertar o viver
e o porvir reviver.