Sina de mato
No entardecimento da mata
O vento desfolha,
Enquanto as folhas ventam;
A garupa da árvore sacoleja a fruta;
Enquanto a noite se esconde
Escurecendo o meu medo.
Na lua do meu desejo,
Namorados prateiam beijos
De olhos fechados na boca.
No meu ar quente e grilado
Não há melancolia
Nem silêncio escaldante.
Na boca dese ar
Há sede escondida;
Na língua seca do tempo;
O meu carvalho treme...
É uma coisa cigarra
Que come sua raíz distraída.
Daqui a dezessete anos
O carvalho será tenor
E as suas folhas soprano.