Poeta infeliz
O poeta é o desatinado que vaga meio sem destino
Sofrendo as dores de um passado que lhe foi ingrato e frio
Ele quer abrir sua alma quer sim revelar ao mundo
mas o querem submerso num abismo infecto e imundo!
O poeta é o desamado que não surpreende a ninguém
Fala com propriedade sobre aquilo que nao convém.
Os cegos não querem vê-lo os surdos nao querem ouvi-lo
O renegam e o desterram querem vê-lo sem abrigo.
O poeta é indigno de um olhar mais minucioso
Ele deleita-se na invalidez do sentimento dos outros
De que vale o seu coração, quem quer saber o que ele tem?
O poeta é um solitário e jamais terá a alguém!
Quem liga pra sua arte, quem nesse mundo o deseja?
Que o raio da dor o parta e suas letras derreta!
O poeta não quer ser visto como alguém indiferente
Mas não pode mostrar o que traz consigo em sua mente!
Ele é mortal suscetível ao toque mais delicado
Sua pele é de fogo e sua alma é um fado!
O destino que se desenha frente a este pobre ser
É a morte, o desalento, a humilhação e o sofrer!
Feche seus olhos poeta, mate o seu sentimento
Assassine seus princípios e abrace este tormento!
Você não passa de um grão de areia frente a este oceano
É mais um insignificante ser, perecível e humano!
Quanta ousadia pensar que sua palavra era a cura
Nada pode te condenar mais que sua fé imatura!
Deixe de crer em tudo, seja mais calculista
Poeta tolo, inerte, não lute mais! Não resista!
Deixe que o mundo te engula com toda a simplicidade
Seja humilde, seja frágil, seja mais sóbrio e fraco
É fracassada a tua ode, ela não toca sequer o chão
Porque esperar que ela toque a algum nobre coração!
Morra de desespero, morra de mansidão!
Só te peço que morra logo poeta louco e sem noção!