NESSE MUNDO QUERO MEU LUGAR
Não sou poeta, sou só.
Há um lacre na minha boca
E venda não há nos meus olhos
Obriga-me a ser discreta.
Há um mundo dentro de mim
Que me encurva
Deixa-me turva assim.
Não poetizo hipocrisia
De amor sem realidade
Sinceridade com falsidade
Bondade recheada de maldade..
Não há beleza nessa desarmonia.
Densas ondas vêm me afogar
Agito as águas, num esforço.
Estou a me sufocar. Ouçam-me!
Nada sou, sem voz, sem vez
Nesse mundo esperando
Ainda não achei o meu lugar.
E eu outra vez aqui,
Entre traves, entre grades
Passos discretos, num aglomerado.
Ainda que muito só.
Tenho os braços sempre abertos
Quero abraçar o que espero.
Quero meu espaço, meu pedaço
Meu palácio, meu prefácio.
Que seja lindo, livre e meu.
Que eu siga vivendo a vida
Que eu ouça soprando o vento
Levando tristezas e dores
Trazendo-me belos momentos.