O PRATO DE LENTILHAS

Primogénito de eleição

Esaú, desde pequeno,

Com direito a um terreno

Gozava da tradição

Pelo seu lado materno.

Era mais novo o Jacob

Diferente de seu irmão

Com seus pais de criação,

Enquanto Esaú tão só

Primogénito de eleição.

Jacob criava pardais

De feitio bem sereno

Era de rosto moreno.

Apascentando animais

Esaú, desde pequeno.

A Jacob seu velho pai

Dava-lhe cama de feno

Esaú, de ar subalterno,

Para longe cedo vai

Com direito a um terreno.

Todos viviam felizes

Em perfeita condição

Esaú pelo sim, pelo não,

Para evitar os deslizes

Gozava da tradição.

Um dia, cheio de fome,

Pediu num afável aceno

A Jacob seu irmão terno

Lhe desse glória e renome

Pelo seu lado materno.

Ele, com rara temperança,

Negociou, oh maravilhas,

Na conta das suas partilhas

Dar-lhe a filial herança

Por um prato de lentilhas.

Aceita Esaú esfaimado

Perdendo o jogo e o tino

E a história em desatino

Deixou como vão legado

A ironia do Destino.

Ficou pra sempre esta lenda

Em memória rotineira:

Há governos sem maneira

Que mesmo com reprimenda

Acabam sempre em asneira!

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 30/01/2013
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