COMO NUVENS INCONSTANTES

Nuvens espessas se revezam

Em desarmonia desmazelam

Procuram seu espaço no céu

Não se aquietam,se misturam

Transformam,

E caras e bocas formam.

Uma metamorfose aluscinante.

À multidão de outras nuvens

Incomodam.

Como astros, não cessam

Seguem sempre persistentes

E mudam seus rastros.

Assim sou eu...

Como se ainda me rastreasse

Em meio a multidão

E ainda não me achasse.

Sou eu, como nuvem inconstante

Vivo como se só hoje tivesse nascido

Ou então seria meu último dia vivido?

E ainda que eu tivesse mil anos

Seria este meu eu desconhecido

Me mexo, não cesso

Me entrego, misturo

me sinto em processo.

Continuamente, irrelevante,

Inconstante,impetuosa,irreverente...

Metade em tudo,completa em nada

Como em curvas tortuosas.

O meu olhar se perde

Olhando no céu as nuvens disformes.

Sempre processando,

Nunca se encontrando.

Há uma cumplidade

Entre eu e elas.

Concordando me dizem

Por uma longíqua janela.

Me entendem, quero entender

Nesse espaço também

Vou me encontrar...

Quando um dia desaparecer.

FATIMA KALIL

FATIMA KALIL
Enviado por FATIMA KALIL em 03/01/2013
Reeditado em 09/05/2019
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