SINTOMAS DE DISFUNÇÃO LÍRICA
Algumas palavras
as julgo inertes,
outras fogem
de mim...
Tenho vocação
para explicar:
o não dito,
o não escrito...
mistério pouco,
é falta de poesia,
para mim...
Todas palavras são
íntimas umas das outras,
não carecem familiaridade
para criar um texto,
ou fazer um verso...
Eu nunca falto aos encontros,
nem mesmo quando não
me encontro...
Eu estou presente mesmo
nos desencontros...
As palavras que não
se conhecem, tem em mim,
um grande alcoviteiro:
Caso palavras, faço
uniões despropositadas,
incesto de palavras...
Comigo, as palavras
nunca estão sós...
Amo todos os seres humanos,
sem igualdade e com distinção.
Sendo livre pensador:
amo todas mulheres, mesmos
as casadas. as comprometidas
e as mulheres dos amigos...
Em respeitoso silêncio.
é claro...
Dou formas e contornos
a coisas desajeitadas,
falo com tudo e com
todos:
Homens, porcos, árvores...
Mas o que gosto mesmo
é faze-los cantar:
Seja gente, animal ou pedra...!
Inspirado na obra de MANOEL DE BARROS.