Arquivo de aço

ARQUIVO DE AÇO

Do ativo imobilizado

Etiquetado, identificado

Arquivo de aço

Repintado, depreciado

Enferrujado

Guardando o calhamaço

De um tosco papel almaço

Vejo-me numa giroflex

Teclando meu telex

Ou calculando meu limite

Na manivela da minha facit

Remarcando preços

Somando os mil réis

Ouvindo o tilintar

Da registradora

A máquina redentora

Resultado do trabalho

Da sedutora vendedora

Nos dedos, a magia

Da datilografia

Caprichando na grafia

Preenchendo a guia

Para pagar imposto

Na coletoria

Arquivo de aço

De pasta suspensa

Guarda recortes imprensa

De coisas que não compensa

Arquivo de aço

Virou troféu

Do tempo do chapéu

Morreu pelas mãos

De um computador

Que economizou espaço

Chegou com muito furor

Hoje encostado

Num galpão abandonado

Lá está meu arquivo morto

Enferrujado, todo torto