REPÚBLICA DOS TARTULHOS

Os vizinhos são afamados,

Mastigam-nos com gulodice

Se não forem condimentados

Perdem-se de grande roncice.

Eles surgem, sempre a crescer,

São de espécies aparentadas

Sua cor não tem qu´ enganar

Com as pintas esbranquiçadas.

Todos os colhem com receio

Por veredas a cirandar

E às vezes tomam-lhe o freio

Começando a escarranchar.

Dos tartulhos em sua apanha

Importam bastantes cuidados

Uns são bons e com rica banha

Outros ruins e envenenados.

Abundam por toda a floresta

Valem muito e sabem a pouco

Todos comem e nada resta

Neste negócio ousado e louco.

Há muitos Tartulhos por aí

Com brilhante voz de tenores

Em menos de um fá, sol, lá, si

Aparecem como doutores.

Deixem-nos, senhores, gozar

Estes Tartulhos de linhagem

Estão prontos a navegar

Já com marcação de viagem.

Os Tartulhos são limitados,

Como “Belas” com seu senão,

Melhor fora desempregados,

Num estatuto de vilão.

Na República dos Tartulhos,

Com colossal privacidade,

Façam invejados embrulhos

Na mais salutar liberdade!

Frassino Machado

In CANÇÃO DA TERRA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 18/11/2012
Reeditado em 19/11/2012
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