REPÚBLICA DOS TARTULHOS
Os vizinhos são afamados,
Mastigam-nos com gulodice
Se não forem condimentados
Perdem-se de grande roncice.
Eles surgem, sempre a crescer,
São de espécies aparentadas
Sua cor não tem qu´ enganar
Com as pintas esbranquiçadas.
Todos os colhem com receio
Por veredas a cirandar
E às vezes tomam-lhe o freio
Começando a escarranchar.
Dos tartulhos em sua apanha
Importam bastantes cuidados
Uns são bons e com rica banha
Outros ruins e envenenados.
Abundam por toda a floresta
Valem muito e sabem a pouco
Todos comem e nada resta
Neste negócio ousado e louco.
Há muitos Tartulhos por aí
Com brilhante voz de tenores
Em menos de um fá, sol, lá, si
Aparecem como doutores.
Deixem-nos, senhores, gozar
Estes Tartulhos de linhagem
Estão prontos a navegar
Já com marcação de viagem.
Os Tartulhos são limitados,
Como “Belas” com seu senão,
Melhor fora desempregados,
Num estatuto de vilão.
Na República dos Tartulhos,
Com colossal privacidade,
Façam invejados embrulhos
Na mais salutar liberdade!
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA