MEDITATIS
Agora que envelheci
Serei um boiadeiro do ar
Tangerei os bois em silencio
Nos campos dos sonhos
Onde tudo é permitido
A mansidão será minha parceira
Das horas calmas
Sentirei a vida em todos
Os gestos da natureza
Porque minha alma será
Definitivamente azul
Fumarei meu cachimbo
Nas tardes ditosas
Cobertas de palidez
Onde queimarei
As minhas velhas dúvidas
Com o fumo cheiroso
Aprenderei a olhar a vida
Sem pressa nem cobranças
A ter alegria com os sabiás
Entender a suavidade nos gestos
dos pequenos beija-flores
Aprender com os galos
A magia de seduzir as manhas
À beira dos lagos
Irei comover-me
com o vento leve
E seu dulcíssimo gesto
De acariciar as flores
Além de comandar a coreografia
Das águas
Com as abelhas laboriosas
Irei descobrir o valor
Da perseverança
E aprender a jamais desistir
Lerei no grito de alerta
Dos marrecos que madrugam
Os sinais do novo dia
Bem antes deste apontar
No horizonte
Neste momento
Em transe com a esperança
Em paz com o mundo,
Assistirei o despertar do sol
Esperando o estrondo da luz
Romper as barreiras
Tardias da noite!