MEDITATIS

Agora que envelheci

Serei um boiadeiro do ar

Tangerei os bois em silencio

Nos campos dos sonhos

Onde tudo é permitido

A mansidão será minha parceira

Das horas calmas

Sentirei a vida em todos

Os gestos da natureza

Porque minha alma será

Definitivamente azul

Fumarei meu cachimbo

Nas tardes ditosas

Cobertas de palidez

Onde queimarei

As minhas velhas dúvidas

Com o fumo cheiroso

Aprenderei a olhar a vida

Sem pressa nem cobranças

A ter alegria com os sabiás

Entender a suavidade nos gestos

dos pequenos beija-flores

Aprender com os galos

A magia de seduzir as manhas

À beira dos lagos

Irei comover-me

com o vento leve

E seu dulcíssimo gesto

De acariciar as flores

Além de comandar a coreografia

Das águas

Com as abelhas laboriosas

Irei descobrir o valor

Da perseverança

E aprender a jamais desistir

Lerei no grito de alerta

Dos marrecos que madrugam

Os sinais do novo dia

Bem antes deste apontar

No horizonte

Neste momento

Em transe com a esperança

Em paz com o mundo,

Assistirei o despertar do sol

Esperando o estrondo da luz

Romper as barreiras

Tardias da noite!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 20/10/2012
Reeditado em 29/05/2016
Código do texto: T3942418
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