LEMBRANÇAS QUE FICARAM
É gostoso recordar
Os bons tempos de criança.
O entardecer na roça,
Na escassez ou na bonança.
Passamos sim maus bocados,
Mas tudo foi superado,
Com luta, fé e esperança.
Quando estava escurecendo,
O piar do nhambu,
O Chitão ou Xororó,
Ou do Nhambu Guaçu.
Que nunca mais esqueci,
Também gostoso de ouvir,
O belo cantar do Uru.
Ao amanhecer do dia
Canta toda a passarada,
Numa grande algazarra,
Anunciando a alvorada,
Jandaias e Periquitos,
As Araras que bonito!
Cantoria abençoada.
Logo após tomar café,
Seguíamos para o roçado
O meu pai ia na frente
Dos filhos, acompanhado
Quando a tarde então chegava
Pra casa a gente voltava
Alegres, mesmo cansados.
Outra lembrança que o tempo,
Nunca irá apagar,
Era ver meu pai chegando
Da rua, ou outro lugar
Quando de longe o víamos,
Nós os pequenos corríamos,
Pra em seus braços pendurar.
Meu pai era analfabeto,
Mas tinha sabedoria.
Mesmo em poucas palavras,
O saber nos transmitia.
Respeito e honestidade,
Viver sempre na verdade,
Era o que ele nos pedia.
Sei que não aprendi tudo,
Que pai e mãe me ensinaram.
O egoísmo e a vaidade,
Do mundo me influenciaram.
Mas posso dizer enfim,
Que o melhor que há em mim,
Foi legado que deixaram.
São tantas cenas marcantes
Que os tempos não as apagaram.
As lembranças de meus pais,
As que mais fortes ficaram,
Se mil anos eu viver.
Será pouco pra esquecer,
As lembranças que ficaram.