A VIDA SE TORNOU TÃO PRÁTICA
A vida se tornou tão prática,
Os sonhos elaborados se foram,
A ansiedade cessou,
Deixando não mais do que a realidade
Da fantasia doce que o vento levou.
A veia poética secou,
Os poemas latentes não pululam mais;
As frases truncadas se alinharam
Levando o marejar da melodia.
E tudo se tornou qual água fria
Usual demais; sem sentido, sem brilho e alegria.
O que era tradição se atualizou,
O desafio cotidiano a modernidade soterrou,
A aventura diária cessou
E até o experimentar se proibiu,
Cada coisa tem sua lei normatizante.
Tudo agora é controlado com perícia de elefante.
Os caminhos todos prontos,
Os destinos programados,
As rotas já não se erram
Encruzilhadas não se esquece,
Pois todos caminho novo, antigo, bem afundados,
Em todos se é guiado por novo Gê Pê Esse.
O mato todo queimado,
A comida, no mercado.
Amigos na internet
E o coração encerrado.
Conversas em tela plana,
Vizinhos bem carrancudos,
O amor é quase um sonho,
Deu-se fim em quase tudo.
Do mundo o que era bom,
ficou tudo virtual –
– Irônica realidade deste mundo artificial
Wilson do Amaral