Cartas
Eu hoje escrevi uma carta.
Era de amor.
Daquilo que não disse a mim mesmo
e, por isso mesmo, nunca ouvi da mulher amada.
Eu também escrevi uma carta de angústias.
Nela postei todas as minhas dores.
Foram páginas tantas, quase resmas.
Relendo, vi que tudo era criação minha.
Queimei o livro.
Eu rascunhei outra carta simples,
esta falava do bem. Do gostar.
Poucas linhas. Pois tais sentimentos
não se medem, não se agrupam.
Doamos e recebemos. Simples assim.
Escrevi uma carta de versos gratos.
Dizendo a Deus o quanto tenho dádivas.
Uma página. Duas palavras. Uma frase.
Obrigado, Pai.
Eu escrevi uma carta de adeus.
Disse ao mundo que minha vida um dia seria findada.
Não agora. Já.
Mas ficará o legado de textos soltos,
para quem quiser ler
Por fim, a carta maior.
Aquela que não se envia, que não se recebe.
Apenas guardamos conosco. Como prova de nossa confissão.
É essa que levo comigo.
Sem mágoas, receios ou culpas.
Cartas de desabafos.
Enfim,