MINHA MÃE
Não perdemos nossas vidas a toa
As pessoas é que nos perdem
E nós perdemos o nó das nódoas das pessoas...
Um sumiço sem compromisso
Andastes por ai tão tarde da noite
Como um espirro nas espirais do nada
Amada é tua minha paisagem
Perpetuada estás na minha bagagem
Tu eras minha visagem
Não me assombras mais
Tu és minha lua
Tombado estou pela rua da amargura
Sua cintura do tempo
Esgrima de minha alma
Meu coração de escritor
Minha mãe se desabrigou
Netos e desafetos
Inclusos estão minha exclusão
De tua vida
Sou pó
Sou nó
Sou só
Quem diria que éreis minha mãe
Espiritualmente sou teu filho em consignação
Insubordinado em tuas construções terciárias
E agora minha mãe???
Sou teu velório
Sou teu conservatório
Teu observatório
Não me sinto mais só
Tenho outra mãe o pó
Palavras vazias
Sou poeta de poesias
E agora mãe?
Quem dará o braço a torcer
Minha mãe meu aço
Rolaram nos temas da vida
Minha mãe me despejou
Me desalojou de suas entranhas
Minha mãe meu canto
Minha mãe meu desejo da roupa do rei de Roma
Que me ensurdeceu
Sabe minha mãe
houve um anjo surdo entre nos dois
Mais tentamos voar
Como plumas ao vento
Dos seres celestiais...