Riozinho ingênuo
Riozinho ingênuo
desliza maculado e feliz.
Arbustos insistentes
sugam vida e esperança do leito traído:
- Reparem meu curso, recuperem minhas fontes.
Margens e pradarias clamam:
- Água límpida, por favor!
Trechos camuflados na poluição citadina
vão e vêm margeando encostas
soltando resmungos dos barrancos caídos.
Ribeirinhos se afastam
o solo cede ao sol e se faz árido
e a geografia já não é mais a mesma.
E o ingênuo rio, outrora conver(gente)
agora é apenas uma língua negra
a avisar sempre, mostrar sempre
que a vida se esvai por entre brechas no solo.
Nova Friburgo, 19/08/2012 (19h21min).