EU E O MAR REVOLTO
de onde a onda vem, se for do bem,
muito bem;
se for do mal, muito mal de onde vem...
oscilante onda perturbada por algo mais,
grandeza física sem sua meta jamais alterar,
periódica no tempo esparçada no ritmo,
é bailante a onda do mar...
espacial agito, se cogito nela estar,
desperta em mim o pensamento: o comprimento,
o tempo de cadência, sua medida em etapa,
seu inverso, meu universo em frequente pensar...
A velocidade da sua arrebentação, se espraia,
e se alonga, espumante, verticosa, apaixonante...
longamente ela vai num tormentoso arrasto...
E eu, em rimas me basto daquela sublime visão,
o negro véu de um penumbroso céu,
a cor cinza do mar revolto, tento avivar a vida,
tento contornar a tristeza do dia nebuloso,
a vontade me diz para esgrimir à força,
já que no âmago do ser me presto,
em ondas também a poesia detona,
verso e mais verso me vem à tona...
Para a vastidão do espaço,
me abro esperando um longo abraço,
da ondina talvez, ou do acaso sem vez,
inebriado estou pelo mar que domina,
pela luz da tarde que termina
e determina a noite que aproxima...