A cidade acordou com
uma chuva de chumbo
que mesclou o nosso dia
com variados tons plúmbeos.
Queria hoje vestir
uma roupa amarela.
Desisti. Amarelo e cinza
não ficam bons.
Neste dia sem tom,
tentei uma blusa verde
com uma calça marrom,
mas nada vai sobrepor
a essa manhã sem cor.
Neste dia sem ardor,
o carmim é uma afronta
a essa manhã insonsa,
que insiste em zombar de mim.
O laranja, que adoro,
não mais reluz,
se esconde
sob esse céu sem luz.
Nada em tons anis,
pois o azul se perde
debaixo da nuvem gris.
Nem o magenta esquenta
Até a garoa cai lenta
e deixa o dia sem matiz.
Já sei! Vou de preto,
mas acho que vai ficar triste
nesta manhã que insiste
na sua indefinição.
Não tem cor, não tem magia,
é funesta, é vazia.
Então paro para refletir:
Ah! É só mais uma manhã fria.
As cores estão em mim!
Vou me vestir de alegria,
colorir meu próprio dia
e para sempre ser feliz!