SEM RIMA 120.- ... suor apaixonado ...
Terá acontecido,
mesmo fantasticamente,
o que Teócrito liriza
num dos seus "idílios"
bucólicos de pastor
ternamente namorado?
Diz num certo momento do poema:
"Veio Kípris [Afrodite], doce e sorridente,
zombeteiramente
sorridente em aparência,
mas intimamente amargada
e disse:
«Tu, Dáfnis, noutro tempo
vangloriavas-te em dominar o Eros...
E agora não és tu mesmo quem está
dominado pelo terrível Eros?»"
Porque
terrível como exército em ordem de batalha
é sem dúvida o amor...
Amar requer dos amantes
usarem, como pianistas,
as duas mãos e o cérebro todo
e, como peregrinos trás de capelas
misteriosas, também a tensão do andar
o caminho meigo, mas fugaz, de se perder
nos olhos e nos lábios e na carne toda amados.
Será amar o cair
de estrelas fugazes
e húmidas sobre suor
apaixonado em êxtases
breves compartilhados...?