Como uma prisão
Onde foi parar
O raio que disparou o meu peito
E meu mudou de um jeito, arrebatador?
Onde está o teu amor?
Distante do meu olhar,
Ansioso por negar a mim o teu calor.
Onde foi morar
O desejo que acendeu nossa chama?
E agora inerte sobre nossa cama
Nossos corpos dormem e se desatam.
E os problemas que não nos matam
Amortecem os nossos lábios
Insensíveis e solitários, inutilmente calados.
Numa rotina hábil à nossa dissolução.
Estes são os artifícios, cada um com seus vícios,
Isolados e unidos num mesmo colchão.
Redigindo nosso roteiro, um drama vazio e diário,
Que dizer do cenário, então?
Concreto, cotidiano e frio, estável e intransponível,
Como uma prisão!