Ontem eu vi a menina...
Ontem eu vi a menina.
Sim, ontem eu a vi.
Nossa! Como a menina estava bonita!
Ela andava descalça pela calçada!
Espero que ela nunca saiba o porquê de não ter um sapato.
Mas, ela estava mesmo fascinante e seus olhinhos brilhantes brilhavam num encantador sorriso: um sorriso puro de criança.
Ah, bela menina da carinha suja e dos cabelos pretos longos balançando contra o vento!
Ah, e como sorria, a menina muito sorria e meu coração apenas pedia!
Meu coração pedia para que a menina nunca deixasse de sorrir.
E meu coração pedia para que a vida nunca tirasse o brilho do olhar daquela criança.
Mas, a menina distraída nem me via, apenas brincava, corria e pulava.
Era como se nada mais existisse, além da felicidade e da alegria.
Deus, parecia que a menina iria abraçar o mundo com as mãos.
Linda, iluminada, parecia um anjo!
E eu só pedia, implorava para que Deus não deixasse o mundo lhe roubar a inocência.
E eu suplicava para que aquela menina nunca conhecesse o triste sabor das lágrimas.
Mas, ela apenas pulava, brincava e encantava.
Ela era como um anjo: um anjo irradiando alegria.
Mas, um dia aquela bela criança brincando correu para a rua...
E Deus, ainda bem que eu não vi: um louco num carro vindo em disparada jogou a menina longe, obrigando a menina parar com a brincadeira.
Seu corpo estendido no chão.
Calou-se o sorriso da menina.
E eu nunca mais vi a menina: não, eu nunca, nunca mais vi a menina.
Mas, meu coração ainda pede para que Deus proteja aquela menina aonde quer que ela esteja...
Mas, Deus, ainda ontem eu vi a menina, mas agora sei que eu nunca mais a verei, no entanto, eu sei: eu sei que nunca, nunca a esquecerei.