MENSAGEIRO DO MAL
Assim como um maldito câncer
Ou uma lepra, chaga incurável.
Que traz para a vida injuria
Lamento, sofrimento e dor
Assim sou eu para os meus
Desgraça dos sonhos seus
O peso que ninguém suporta
A materialização do horror.
Tenho a infinita certeza
Que tudo que provem de mim
São lástimas cruzes e credos
Ante o pasmo pelo pavor
Causado pelo assombro
Ao ver o monte de escombros
Que estes meus preceitos loucos
Repentinamente gerou.
A minha simples presença
Incomoda tira o sossego
Parece que sou um demônio
Ou um anjo vingador
Sinto-me um pouco perdido
Por ser um incompreendido
Que por qualquer lugar que passa
Prega o ódio e o terror.
São tantos os imaculados
Que torcem seus santos narizes
Ao escutarem meu nome
Da boca de um interlocutor
Relatam os meus mal feitos
Magnificam meus defeitos
Lançam meu nome na lama
Comparam-no com cocô.
Os mais sanguinários bárbaros
Os mais cruéis ditadores
O mais vil dos vis senhores
Nem de longe são como sou
Para os néscios que me detestam
As coisas que faço não prestam
Anseiam o dia que alguém diga
Que a minha existência acabou.
Dentro da minha triste alma
Flutuam muitos sentimentos
Que me fazem chorar por dentro
Porém não guardo rancor
Toco pra frente a minha vida
Com o sangue a jorrar das feridas
Persisto nesta árdua lida
Infinitamente vou...