Esgoto

Junto ao esgoto que descia

E trazia consigo um braço

Da cidade em covardia

Vinham sonhos perdidos

aos maços.

Vinham ratos mutáveis

Garrafas sem recados

Prantos não recicláveis

E gritos roucos e

sufocados.

As águas escuras e fétidas

Traziam o gosto do abandono

E o nojo da face discreta

Sorrindo como se fossem

o dono.

De onde vinha o esgoto

Onde a cada quatro anos

Engravatados do desgosto

E seus títulos insanos

Não saberiam lhe dizer

Pois a três anos não conhecem

Como o esgoto, outrora rio,

Não sabe bem quais lhe

merecem.

Bebeis do próprio, excremento

Veremos o que lhe acontece

Se da luta te alimentas

Ou se do lodo, então,

padece.

Júnior Leal
Enviado por Júnior Leal em 16/04/2012
Reeditado em 16/04/2012
Código do texto: T3616244
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