Esgoto
Junto ao esgoto que descia
E trazia consigo um braço
Da cidade em covardia
Vinham sonhos perdidos
aos maços.
Vinham ratos mutáveis
Garrafas sem recados
Prantos não recicláveis
E gritos roucos e
sufocados.
As águas escuras e fétidas
Traziam o gosto do abandono
E o nojo da face discreta
Sorrindo como se fossem
o dono.
De onde vinha o esgoto
Onde a cada quatro anos
Engravatados do desgosto
E seus títulos insanos
Não saberiam lhe dizer
Pois a três anos não conhecem
Como o esgoto, outrora rio,
Não sabe bem quais lhe
merecem.
Bebeis do próprio, excremento
Veremos o que lhe acontece
Se da luta te alimentas
Ou se do lodo, então,
padece.