RUAS DE ONTEM
Esforço meus olhos para ver
através do longo e escuro corredor do tempo,
há uma densa névoa mas consigo ver
como se acontecesse agora mesmo...
Eu caminho sobre as ruas de ontem
vejo meus amigos,meus irmãos e minhas irmãs
parecem tão próximos apesar da distância,
vislumbro amores perdidos,há tempos esquecidos...
Mas sinto que ainda posso encontrar
aquilo pelo que tanto anseio,
muito embora eu ainda não saiba
exatamente o quê e nem como,
apenas sinto que ainda posso encontrar.
Mas as ruas de hoje jamais serão
como foram as ruas de ontem
e me sinto perdido,cego,
na contramão de uma estrada
que sei que não terá fim...
Estou solitário nessa travessia ardilosa
rodeado de coisas e acontecimentos estranhos,
há armadilhas em cada esquina,
estou tentando me esquivar
dos perigos dessas ruas de hoje
fragilmente apoiado no que aprendi
nas ruas de ontem que já não existem mais
não como eram,mas como são,
cortantes,frias como lâminas afiadas.
O tempo passa rápido,tenebroso,incerto,
não tenho medo,mas aguardo mudanças,
assim como não esperava das ruas de ontem
onde o tempo parecia não passar...
...E não passa em minhas lembranças
das ruas de ontem que jamais
voltarão a ser o que foram
nos inocentes dias em que eu pouco sabia da vida
e pensava tranqüilo que tudo seria muito,
muito mais fácil para mim...
Não sei o que posso encontrar no caminho
mas mesmo me sentindo estranho
estou preparado para encarar
seja lá o quê ou quem quer que seja
e sinto que ainda posso encontrar
aquilo pelo que tanto espero
e que acredito que um dia esteve tão próximo de mim
e que escapou de minhas mãos
assim como o tempo escoa e foge ao nosso controle.
Mas ainda consigo ver através
da profunda e escura névoa do tempo
que tudo está obscuro e cinzento
mas fica bem claro agora
que ainda persiste uma tênue esperança...
A resposta está lá,bem distante eu sei,
no tempo e no espaço,em tudo que fiz
e que não fiz enquanto andava pelas ruas de ontem,
assim como perambulo pelas ruas de hoje
procurando enxergar os rastros que ainda não marquei
nas frias calçadas das ruas de amanhã,
banhadas pela fina e fria chuva
que cai reluzente pela claridade
das luzes amarelas e fracas dos postes
que iluminam tempos incertos
que mal sabia eu já eram anunciados
pelas ruas de ontem
as quais percorri inocentemente...
ROBERTO CARLOS BRAZ DO NASCIMENTO
E
CÉLIA FERNANDES
19/11/07