ROTINA DA ROÇA
ROTINA DA ROÇA – ZÉ DO ROÇADO
Autor: Maurício Irineu da Silva
Quando o sol, pela manhã, saúda o dia
Já me encontra fazendo um bom café
A rotina lá do campo me espera
Nesta lida eu garanto que sou fera
E aqui eu vou contar como é que é.
Lá pelas quatro da matina eu me levanto
Ponho a lenha no fogão, o fogo pega
E enquanto a lenha queima, eu me visto
E a aurora da janela eu assisto
Sempre feliz, o meu semblante não nega.
E bem depressa eu preparo um “desjejum”
Cuscuz de milho e três ovos estralados
Já em seguida deixo pronto o almoço
Faço a marmita com o mínimo de esforço
Lá pelas seis já estou dentro do roçado.
Quando o relógio me diz que já são dez horas
Uma parada pra repor as energias
Pego a marmita e assentado ali sozinho
Sem cerimônia saboreio com carinho
E agradeço ao Senhor com alegria.
Um bom descanso pra fazer a digestão
E lá vou eu recomeçar de onde parei
O sol castiga e as horas se arrastam
O tempo é longo e os meus anos desgastam
Mas mesmo assim não sai da mente o que serei.
Quatro da tarde eu encerro o meu dia
Volto pra casa já pensando no jantar
É que não tenho lá ninguém me esperando
A solidão é companheira e vou levando
A minha vida e sem nunca reclamar.
Na vizinhança eu era Zé do Roçado
Hoje me chamam Seu José, o fazendeiro
No meu trabalho Deus do céu me prosperou
Uma esposa Ele até me arrumou
De recompensa eu ganhei muito dinheiro.
Hoje a vida para mim é diferente
Mas aprendi que só prospera quem se esforça
Tenho meus filhos já crescidos e bem formados
Minha mulher e eu somos abençoados,
Mas não me esqueço da rotina lá da roça.