Margaridas
E se foram tantos jardins
Madressilvas pequeninas
Desabrocham na memória
Saudades de tantas flores
Ah como a vida é inglória!
Canteiros de felicidade
Florescem no dia a dia
Ao redor são tantas flores
Que se abraça ramalhetes
Como em um laudo banquete.
Perfume de vida e cor
Lembranças do cotidiano
Ramalhetes de ciprestes
Na ausência dura, agreste
Que de dor as almas veste.
Jardins da distante infância
Terra fértil, doces planos
Colheitas nas valas do engano
Empobrecem as margaridas
Da paixão desiludidas.
Descoradas são as flores
Quando debanda o amor
Pássaros de sonhos alados
Guirlandas de rosas amarelas
Adornam tristonhas velas
Velam etéreas vidas
Os jardins da esperança
Expectativa de ver brotar
O amor mais que perfeito
Para adornar ecos no peito.
Fenecem as rosas brancas
Escurecidas no medo
Desfolhadas no escuro
Jogadas atrás dos muros
Carentes do amor puro.
Brotam dálias cor de vinho
Nos caminhos de espinhos
Audaciosas trepadeiras
Ramos de lírios laranja
Dores que a vida esbanja.
Tantos jardins floridos
Coloridos nas lembranças
Pétalas de amor espalhadas
Jogadas ao sabor do vento
Nas almas em desalento.
Flores, amores, dores
Jardins, ternura jasmins
Olor de rosas vermelhas
No sangue que incendeia
Mudas de sonhos sem fim.
(Ana Stoppa)