Boi

Baluarte da poeira,

A estrada é tua sorte.

No desenho de tuas guampas,

Traz a defesa da morte.

O berrante se assemelha,

Ao clamor de tuas mágoas.

E te leva pra bem longe,

Pra outra relva,outra estrada.

No arado tu semeias,

A semente pro patrão.

Em teus cascos escreves-te,

A história desse sertão.

Baluarte da poeira,

Hoje vai de caminhão.

Na estrada do fim da vida,

Ruminado solidão.

Para alimentar os homens,

Empregado ou patrão.

Tirando a canga da fome,

Das costas dessa nação.

O teu couro é laço forte,

Pra destreza do peão.

Calça o homem da cidade,

Pro vaqueiro é o gibão.

Também adorna a capa,

Do livro da exaltação.

Onde guardei as palavras,

A ti boi do coração.

Nilo Carvalho
Enviado por Nilo Carvalho em 03/03/2012
Código do texto: T3533242
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