Boi
Baluarte da poeira,
A estrada é tua sorte.
No desenho de tuas guampas,
Traz a defesa da morte.
O berrante se assemelha,
Ao clamor de tuas mágoas.
E te leva pra bem longe,
Pra outra relva,outra estrada.
No arado tu semeias,
A semente pro patrão.
Em teus cascos escreves-te,
A história desse sertão.
Baluarte da poeira,
Hoje vai de caminhão.
Na estrada do fim da vida,
Ruminado solidão.
Para alimentar os homens,
Empregado ou patrão.
Tirando a canga da fome,
Das costas dessa nação.
O teu couro é laço forte,
Pra destreza do peão.
Calça o homem da cidade,
Pro vaqueiro é o gibão.
Também adorna a capa,
Do livro da exaltação.
Onde guardei as palavras,
A ti boi do coração.