NÃO-ESTAR

Não-estar é um silêncio

Profundo

Uma dor que não tem

Fundo

Quase um dia sem entardecer

Não tem começo nem fim

Sem elo

No vazio me esmero

E terço um ângulo reto

Onde não cabe o olhar

De tão distante, infame

De tão perto, inflama

De tão grande, esmaga

De tão pouco, esmola

E o silêncio se agiganta

Uma canção sem nota

Um viajante sem rota

Erguido em um fio de memória

Que também não há

Dentro do não-estar

Amamentando o não-ser

(quase irmão)

Sereno sem remo

A beijar a folha sem dengo

Do amanhecer

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 20/02/2012
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