Salgueiro chorão

Sobre as águas o salgueiro estendeu seus galhos...

Sobre o salgueiro em flor se derramou luar sereno.

Noites azuis, raios de prata, salgueiro chorão, lua risonha.

Idílio dourado lembranças e saudades..Cálido beijo...

Lua e salgueiro, folhas ao vento ,gemidos se vão...

Na brisa morna, lânguida e calma, se deleita a lua nua...

Leve e solto dança o salgueiro a serenata dos sonhos.

Melancólico e sereno, filtra raios de puro luar,solidão...

Lança suas mágoas ao vento, trovas e tristes madrigais.

Ramos bailando, em clarins e arrebóis, réstias de luz...

Longe, longe, espia o dia, a noite extasiada mira o belo.

A aurora dourada entra na dança, salgueiro, moço triste

Ao sabor do vento, embalado pela madrugada,

Estrelas e rios, sonhos,lembranças,tristeza de um dia...

Salgueiro de Juno, lua de todos os deuses e amantes...

Ramos de renda tecidos em fios de saudade e lágrimas...

Lágrimas que a corrente leva e trás murmurando amor.

Assim é seu verde banhados de nostalgia no horizonte!

O salgueiro me traz lembranças de desejos, sonhos...

De tardes tristes, de noites bucólicas, de manhãs douradas...

De acordes e versos que não ouvi, de amores não vividos.

O salgueiro tem tristeza refletida no espelho das águas!

Tem solidão dos poetas, dá sombra a almas errantes.

Da sua flor roubaram o perfume, do seu fruto levaram o sabor.

Tem a ternura e inocência da fonte que corre em silêncio,

Seguida por seu adeus, por um olhar que se perdeu.

Firme e suave frutos brancos, clara flor...Ah salgueiro meu...

Suspiros doloridos entre verdes cascatas que gemem

Sob a luz difusa de ocasos tristes que vem a noite ninar.

É carícia, seu bailado em sombras claras , leves e frescas

É símbolo de pureza... Seu signo é lunar, seu vento é norte.

A mim, me lembra a vida, a outros lembra a morte.

É pura água e branca luz, miragem são suas folhas, luz fria

Que estrelas te trouxeram. Salgueiro de rimas e versos...

Hidra em céus distantes, em noites claras e calmas de verão.

Morada de musas, guardião de Creta, protetor de Zeus.

Abrigo de fadas, duendes, sonhos, desejos e esperança.

Quem leva suas flores, trás no peito solidão, amores findos.

Cura dores do destino chora com quem perdeu sorrisos...

À tua sombra poetas tristes fazem trovas, odes e elegias à tua dor!

Salgueiro meu! Salgueiro chorão do meu primeiro amor!