Canto da sereia
Existem momentos em que perdemos o controle da embarcação.
A nau, o leme não necessita tanta atenção
Estas são as horas em que o mar é calmo e amigo.
Apenas um lençol azul, ninando nossos sonhos com seu balanço.
Nos perdemos em sua beleza, e não vemos o perigo...
Eu dormi neste suave balanço
Nesta melodia suave encontrei repouso e acalanto...
Sonhei com uma bela sereia...Acordei afogado,
cuspido pelo o mar...com a boca cheia de areia.
Deserto reino de belezas...tantas coisas ricas
O mar ao horizonte, tumulo sagrado de meu navio de sonhos
Afundou...no reino de Netuno ancorou...
Viverei então nesta melancólica natureza...
Pois em auto mar um leviatã cheio de magoas, persegue minha tristeza.
O sonho que me fez naufragar, não era o amor de uma sereia.
Era apenas o seu canto, e sua casa que não era o fundo do mar.
Ela brincava em balanço de cordas, entre alegria e pequenos risos.
Ficava distante de minha janela...Minha carruagem de grades...
Impedia-me de chegar até seu reino de traquinagem.
Sua imagem pousava lenta em meu coração
No vidro embaçado por minha respiração, desenhava sua miragem.
Como esta que vejo agora...Um Pirata sem sonhos e sem emoção!
Há quem pense que falo de uma linda moça...
Que roubou para si meus amores e me deixou em solidão...
Adoro brincar de dizer brincadeiras, pois ela nem alma tinha
A alma dela é a minha...Eu apenas a via refletida em outras felicidades.
Falo de minha alma...De minha vida?
Claro que não...seria até injusto, eu não poderia!
Falo de uma época, que jaz morta e cinza nos contos de fadas...
Falo das horas malditas onde minha alma sangrava...
Mas veja que escatologia implícita...
Alma que sangra... e injusto é lamentar?
Não...Se eu tivesse Brincado de vida ao menos uma vez...
Hoje eu não iria brincar de se esconder...Nem de amar...
Se eu tivesse deixado uma única vez acontecer...
Ter fugido, ter gritado...e na rua dos lobos ter me escondido
Eu não seria marcado Por este Glorioso estado que é Morrer
Quando o que mais se quer é estar Vivo...
Muriel (Thoreserc)