Vidas entrepostas

Enquanto eu era normal tudo era estável

Amável, aceitável, convencional

Agora, que estou assim,

Como se fosse ruim

Como se nem fosse o eu que fui

A vida me exclui

Aí, aproveito o exílio

Me encharco de quereres que antes me esquivava

Tempero com um tempero que não degustava

Compenso as perdas que até já esmaecem

Perdendo o sentido, se é que tivessem

E me consolo fácil de estar à vontade

Tudo isso, não fosse a saudade...

...É que ponto de partida se apoia num plano

Que tempos antes já foi base de papel carbono

Carregam as marcas, os riscos, linhas sobrepostas

E as coisas se processam não se sabe como

E ficam essas mesclas de vidas entrepostas