FLOR
Flor...intacta.
Vegetal silencioso.
Espécie calada
sob o chão.
Só, entre a calçada
de solo arenoso.
Na mira do descaso
da tortura humana.
Flor naturis.
Planta sobrevivente.
Longe dos jardins.
Fruto sem sementes.
Suas pétalas caídas.
Suas folhas secas.
Sua vontade aguerrida,
resiste à indiferença.
Flor pálida.
Ingênua presença.
Despercebida nas ruas.
Massacrada inocência.
A cada pisada:
deste corre morre,
de passos apressados
que ao chão se escorre.
Ouço o teu grito
de nenhum ruído.
Sob o olhar desatento.
Ao som do vento.
A ti brava flor,
nenhuma proteção.
À tua súplica,
pouca atenção.
Só a lágrima.
Despercebida.
O choro comedido
de toda flor
que se faz sentir.
Julimar Antônio Vianna
03/12/2011