BURACO NEGRO

Dizem que muitas vezes ao não aceitarmos a realidade, os fatos como são, inventamos em nossa própria mente incoerências para nos servir de verdade adaptada a nossa incapacidade de adaptação.

Não me considero genuíno, muito menos inventivo, porém de acordo com o que vejo crio situações irreais que muitos não compreendem. Intolerantes.

Viajo entre paralelos, entre planos, entre meu mundo e o seu.

Na busca por entendimento, por afirmação, me prendo ao chão. Não consigo me desvincular. Louco ou não, sei que são não sou.

Entre terapias e tratamentos, mergulho num mar de dúvidas, sufocando-me com análises que não pretendo decifrar.

Raciocínios nem sempre ilustram a sagaz vontade de renúncia, já que neste embate do mundo real com o imaginário quem vence são meus sentidos, atordoados pelo desgaste.

Sem forças, caído em prantos diante de um corpo sem rumo, estabeleço novos parâmetros, dentre os quais não me imagino vivendo em outro espaço que não o sideral. Vivo em um enorme buraco negro, desconhecido.