ROUPAS NO VARAL
ROUPAS NO VARAL
Até parece que conversam
Agitadas pelo vento
Minhas roupas no varal...
Tocam-se
Numa caricia imaginária
Num diálogo surrealista...
A camisa de mangas longas gesticula
Alonga seus braços
Esbarra numa fronha sonolenta
Que apenas boceja
Aquieta-se, amarela de indignação...
A camisa branca
Quem diria!
Foge ao toque da calça preta
Com certo ar de preconceito...
Austero
Em seu azul-marinho
O jaleco de trabalho exibe uma logomarca
Intimidando o assédio
Da inquieta camiseta bege...
Que assanhada
Aquela camisa pólo
Vermelha de paixão
Dirigindo-se ao sol:
“Ainda estou molhadinha”...