MONÓLOGO DE UM LOUCO
O silêncio constante nos faz ver num instante
O quão grande é tal universo
E mesmo distante do sucesso
Faz-nos rir de tão tolos
Bobos sem corte
Coitados sem coito
Pobres mancebos apaixonados
De um viver no mundo sem sentir
Anestesiado, desmemoriados
Vagantes de um rumo incerto
Como assim? (diriam) se estão perto
Do prazer tão próximo disperso
Ledo erro dos incrédulos
No ópio ou nos agrados do vício
Escravos de si e do todo
Como queria que fosse lúcido
Como se a vida tão simples assim
Como se vê fosse sentida
Como dizer as margaridas
Pra não dizer que não falei delas
Como dizer também as belas
Que as amei como se fosse hoje.
Triste como um dia chega à noite
Estrelada sim: bela
Mas em sua constância significa a morte
Ah e os cânticos matutinos e gregorianos
Tão distantes por não amanhecer
Como saber se não é dia?
Como viver se não podia saber,
Ah certeza tão distante
De uma viver tão calado (sem cânticos)
Silêncio monástico
Claustro e nostalgia
Fugindo do dia e voltando-se pro passado
Vivendo o agora
Querendo seu tempo
Já findo.