A RUAZINHA SEM GRAÇA..
Que ruazinha sem graça!
Sem praça, sem algazarra, vasos na janela,
por onde ninguém passa.
Ninguém pisa às pedras
com limo esverdeado
da ruazinha sem graça!
E então, ela chora
feito dia de finados.
É mais um dia que finda
e na ruazinha triste
ninguém mais passa!
Só o homem de riso torto,
dos olhos cheios de silêncio e pranto
e a curvatura nos ombros
pelo peso da saudade, vive aqui,
na ruazinha sem graça!
Já não tem cheiro de gente
nem lixo na calçada.
As poucas casas que
timidamente resistiram ao tempo,
tem suas portas escancaradas.
Mas que ruazinha sem graça!
Passam os anos, passa a vida,
todo o tempo, passa!
E ainda vive em mim
como retalhos de lembranças,
a ruazinha sem graça!