Em Luisiana eu vi um carvalho crescendo,
erguia-se inteiramente sozinho e o musgo
pendurava-se
em seus galhos,
sem companheiro algum ali cresceu
estendendo alegres folhas
de um verde escuro,
e seu aspecto, rude, inflexível, sadio,
fez-me pensar 
em mim mesmo,
mas espantei-me de como podia ele
estender folhas alegres

ali sozinho em pé sem um amigo perto,
pois sei que eu não poderia,
e arranquei um raminho com certo número
de folhas agarradas

e enrolei nele um punhado de musgo
e o trouxe e o coloquei à vista no meu quarto,
não é preciso lembrar-me de mim nem
de meus amigos caros

(pois creio que ultimamente em pouco mais eu penso senão neles),
mas ficou sendo para mim um curioso símbolo
fazendo-me pensar no amor humano;
por isso tudo, ainda que aquele carvalho fulgure
lá em Luisiana solitário num lugar plano e largo,
estendendo alegres folhas a vida inteira
sem ter a seu lado um amigo, ou amante,
bem sei que eu não poderia.
 
                          
                    (tradução de Geir Campos)


 
                  ***  ***  ***  ***

        Whitman,  Walt.  Folhas de Relva.  Seleção 
          e tradução de Geir Campos.  Ilustrações de 
          Darcy Penteado.  Ed. Civilização Brasileira. 
          Rio de Janeiro, 1964.  



Walt Whitman (EUA)
Enviado por Helena Carolina de Souza em 28/10/2011
Reeditado em 28/10/2011
Código do texto: T3303077