O BEIJO DA NEVE
I
Em flocos densos e algodonosos
Chora o inverno... pálido e frio,
Pelo tempo quente, que sem medida...
Inexoravelmente partiu!
II
Pipocando na cidadezinha
Cai a neve como pintura em tela,
Que delineia a paisagem cinza
A nos pintar sépia aquarela!
III
Desfilando pelos ares úmidos
Por entre movimentos mui suaves,
Pousam-me flocos tão efêmeros...
Que mal posso segurá-los!
IV
Sob meu olhar maravilhado
O espetáculo é singular!
"Show" da mágica natureza
Que põe tudo a congelar!!
V
Mas no meu peito a batucada
Silenciosa a sonorizar,
Nunca será congelada!
Pois sempre há o que pulsar.
VI
Forte emoção,tão calorosa,
Pelo meu sangue a navegar,
Aquece a fria cidadezinha
Fazendo a neve descongelar!
VII
E o meu calor é tão intenso
Que sinto a face avermelhar!
Aproveito, pois, da tal carícia:
Da neve o beijo a me refrescar!
Zurich, Janeiro de 2000