CANTIGA DE MAR
Quando sinto no ar
O abraço do mar
No azul dourado
Sublime e plácido
Encontro das águas
Com o infinito céu...
Quando vejo o arfar
Das velas errantes
Veleiros amantes
Nas naus que estreitam
O beijo dormente
Das terras do sol...
Quando toco o luar
Com o meu corpo brejeiro
Tal gesto faceiro
De menina traquina
Que banha despida
Nas águas calientes
Dos braços da noite...
Quando ouço o barulho
Das ondas tombando
Nas areias da praia
Qual águia voando
Na alma tranqüila
Da áurea celeste...
Retrata seu rosto
A imagem contida
No âmago do tempo
Qual rio que deságua
Do leito sedento
Jorrando murmúrios
Gritando ao vento
Falando poemas
Pedindo alento...
E sinto no ar
O abraço do mar
E vejo o arfar
Das velas errantes
Tocando o luar
Com o meu corpo brejeiro
Ouvindo o barulho
Das ondas tombando
E sua face serena
Em minha mente bailando.